terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O Ditador se foi... e agora???

Impressionantes as cenas veiculadas ontem na TV, a propósito da morte do ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-il, mostrando o choro compulsivo de um sem-número de norte-coreanos, que agiam como se tivessem realmente perdido um pai.
Seria até comovente ver um povo chorando a morte de seu líder, não fosse ele quem era: o chefe do Estado mais totalitário do planeta, responsável por uma ferrenha repressão a seu povo, um dos mais pobres do mundo, deixado à míngua por esse terrível ditador, conforme explicitado pela Human Rights Watch (HRW), uma das maiores organizações independentes dedicadas à defesa e proteção dos direitos humanos no mundo, em comunicado de seu Diretor Executivo, Kenneth Roth, acerca da morte de Kim Jong-il:
"Kim Jong-il será recordado como o responsável de uma massiva e sistemática repressão que permitiu deixar morrer de fome o seu povo. (...) O regime de Kim Jong-il foi um inferno dos direitos humanos na terra (...)”. Segundo o Diretor Executivo da HRW, Kim Jong-il governou “pelo medo e pela sistemática e generalizada violação dos direitos humanos, incluindo execuções arbitrárias, tortura, trabalho forçado e limites rígidos à liberdade de expressão e de associação".
A reação dos norte-coreanos à morte do ditador revela que ainda hoje, em pleno Século XXI, há povos que simplesmente não se imaginam vivendo sem um grande líder, sem alguém que os guie, mesmo que o faça de maneira truculenta, injusta e desumana.
Essa necessidade, que remonta épocas anteriores a Cristo, de se ter um Ente Supremo, um Soberano, um representante de Deus na Terra, nos leva à reflexão acerca do quão difícil é – ou deve ser – o trabalho das instituições que buscam assegurar as liberdades e os direitos humanos pelo mundo. Sobretudo porque essas ditaduras são alimentadas exatamente por essa dependência.
E especificamente na Coreia do Norte, parece que a continuidade está garantida porque Kim Jong–Un, filho do ditador, deverá seguir fielmente os passos do pai, já que, ao que se sabe, é a imagem e semelhança de seu genitor.
Pelo jeito, o caminho do desenvolvimento humano é bem mais longo do que parece...
Grande abraço.
Douglas Drumond.