segunda-feira, 27 de julho de 2015

PMs em serviço mataram em média 6 por dia em 2014 no Brasil

Alguém disse que não há pena de morte no Brasil. Será mesmo??? Notícia de hoje no G1 dá conta de que em 2014 houve 2.500 mortes em "confrontos", sendo 2.368 civis e apenas 132 PMs.

A notícia pode ser lida no link http://g1.globo.com/politica/noticia/2015/07/brasil-teve-mais-de-23-mil-pessoas-mortas-por-pms-em-servico-em-2014.html.

Obviamente, lamentam-se as mortes das 2.500 pessoas, sem exceção, sejam elas PMs, sejam elas civis, mas a pergunta que fica é: quem são realmente os "bandidos" aqui?

O fato é que, quando as instituições não funcionam, o que se vê é a barbárie, seja ela praticada pelas autoridades, seja pela própria população, que, bombardeada pelo eficaz serviço de divulgação do medo prestado pela imprensa, reage ela mesma com violência desmedida, da mesma forma que animais selvagens fariam.

Faltando a mim autoridade para falar sobre o tema, transcrevo um trecho do sensato e altamente esclarecedor livro "A questão criminal", do renomado criminalista argentino Eugenio Raúl  Zafaronni:

"Ademais, o modelo vigente autoriza um uso de violência que, em alguns momentos, atinge o limite do massacre: as execuções sem processo disfarçadas de enfrentamentos são uma realidade policial, as detenções sem outro objetivo senão fazer estatística somente reafirmam a imagem negativa, o afã por mostrar eficácia leva à tortura e à fabricação de fatos, que podem ir desde a acusação de um inocente vulnerável, até uma emboscada onde várias pessoas são executadas. Tudo depende do grau de deterioração institucional que se tenha alcançado.

Esse modelo não apenas leva a uma claríssima violação de direitos humanos dos elementos mais vulneráveis da sociedade, como também atinge os direitos humanos do próprio pessoal policial, que enfrenta péssimas condições de trabalho.”

É preciso entender que a criminalidade é assunto muito sério, que tem de ser tratado com extrema responsabilidade; sem vinganças; longe o império da ira.

Grande abraço.

Douglas Druond