quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Lula correndo por fora

O ex-presidente Lula está em plena campanha eleitoral... na Argentina! Ele foi convidado pela atual Presidente, e candidata à reeleição, Cristina Kirchner, a participar de uma ato de campanha em apoio à sua candidatura. Segundo o Jornal O Globo, o ato foi organizado especialmente para receber Lula, e a oposição, liderada pelo ex-presidente Eduardo Duhalde, está irritadíssima.

Isso nos leva à óbvia conclusão de que Lula, nesses oito anos em que passou no Palácio do Planalto, tratou de cuidar muitíssimo bem de sua imagem no âmbito internacional, preparando meticulosamente o terreno para se tornar uma referência como chefe de Estado influente, sobretudo entre os países da América do Sul.

E está conseguindo! Prova disso é que, ao menos que eu me lembre, "nunca na história deste país" um presidente brasileiro foi chamado a participar - e influenciar - dessa maneira no pleito eleitoral de outro país.

É... parece que o velho sindicalista ainda vai permanecer no cenário político nacional e internacional por muitos e muitos anos. Pelo menos, ele está trabalhando forte para isso.

Grande abraço.

Douglas Drumond.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

O Concerto

Ontem à noite, passando pela Av. Rio Branco, no Centro do Rio, mais especificamente, saindo do Edifício Av. Central, tive a grata surpresa de me deparar com um violinista que ali se apresentava, capa do violino aberta no chão, servindo de repositório à espera de uns trocados de quem por ali passasse.

O homem era jovem, devia ter seus trinta e poucos anos, vestia roupas comuns, estando até abaixo do patamar do que se pode chamar de “bem vestido”, mas tocava divinamente bem! Nos poucos minutos em que tive o prazer de ouvir aquela música - a clássica “As quatro estações”, de Vivaldi - experimentei uma enorme sensação de paz e tranquilidade, calando-se temporariamente para mim, o barulho das buzinas e dos motores dos carros que passavam.

Decidi então me aproximar para ficar ouvindo mais um pouco, quando de repente, antes que eu pudesse chegar até onde estava o artista, a música foi abruptamente interrompida, bem no meio da sequência melódica, por dois policiais municipais que começaram a interpelar não-sei-o-que ao jovem violinista.

Eu, que, embora estivesse em cima da hora para um compromisso, também estava ávido por continuar ouvindo o concerto, fiquei parado, olhando a cena, curioso para saber o que aqueles policiais falavam ao rapaz. O que poderia ser tão importante que pudesse justificar a interrupção de uma apresentação tão bela?

Tomando, obviamente, os devidos cuidados – a Guarda Municipal do Rio de Janeiro tem se mostrado bem violenta nos últimos meses – fiquei de longe, como quem olha a paisagem, observando o que acontecia, para saber aonde aquilo iria dar. Não consegui: passados três ou quatro minutos, a conversa estava agitada, o jovem músico gesticulando e argumentando com os policiais, e eu, já atrasado, resolvi ir ao meu compromisso.

No caminho, fui imaginando como seria bom se a Prefeitura, ao invés de interromper uma apresentação de música clássica, que normalmente não é acessível, senão a pouquíssimos privilegiados, e que estava acontecendo ali, ao ar livre, para todos que passassem, resolvesse fomentar, e até promover momentos como aquele, subsidiando artistas como aquele jovem violinista para que possam se apresentar à população, montando arenas para isso, por exemplo, ali mesmo, no Largo da Carioca.

Esse tipo de subsídio não é gasto, não é custo, é investimento em cultura; é uma forma de mudarmos o comportamento da população, sua maneira de ver o mundo; é o primeiro passo para diminuirmos o abismo cultural existente entre aqueles que têm a oportunidade de se desenvolver culturalmente e a imensa maioria da população, que vive para suprir suas necessidades básicas.

Muitas são as ações a serem realizadas pelo Poder Público para melhorar a vida das pessoas, mas, por mais numerosas, imperiosas e urgentes que elas sejam, nada impede o incentivo à cultura, porque somente com ela formaremos um país verdadeiramente desenvolvido.

Grande abraço.

Douglas Drumond.