O deputado
Jair Bolsonaro (PP/RJ) protocolou esta semana na Câmara dos Deputados um pedido
formal de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, por meio de um
documento em que apresenta “denúncias” (é o próprio documento que utiliza o
termo) por supostos crimes de responsabilidade da presidente.
Digo
supostos, porque o documento apenas repete o que se diz aqui e ali, na imprensa
e nas redes sociais; fatos que, embora críveis, não passam de especulações
ainda não provadas.
Longe
de imaginar que a presidente seja uma vítima inocente nesse mar de lama que no
Brasil atende pelo nome de jogo político, entendo que esse é um tema que deve ser
analisado com absoluta isenção, evitando agirmos tão-somente sob a égide das paixões
políticas e filosóficas de esquerda ou de direita, contra ou a favor do
governo. É preciso que cada cidadão entenda o momento político que vive o país e
que aja com responsabilidade, seja nas opiniões que emite, seja nas
manifestações públicas de que participa.
Maior
responsabilidade ainda deveria ter quem, investido de um mandato de deputado
federal, se arvora oportunisticamente em apresentar um pedido de impeachment desprovido
de um embasamento real, fundado simplesmente naquilo que se diz por aí. O
documento, disponível em vários sites na internet (é só “dar um Google”) é uma
espécie de discurso de palanque travestido de peça jurídica, um conjunto de acusações
sem o mínimo acervo probatório, um “sei-lá-o-quê”, que parece ter como único objetivo
aproveitar o momento de instabilidade para fortalecer politicamente quem o
assina.
De
verdade, eu gostaria imensamente de ver o atual governo fora da Administração
Pública; pessoalmente, não tenho dúvida de ser este um dos governos mais
incompetentes que já tivemos na história do país; também acho que nunca a coisa
pública foi tão vilipendiada como tem sido nesses últimos anos, levando em
consideração todas as notícias que a imprensa divulga, todas as investigações
da Polícia Federal etc. Entretanto, há que se ter em mente que a democracia
exige responsabilidade no trato de um tema tão sério quanto este, e não o
oportunismo de alguns.
É
preciso lembrar que a presidente acabou de ser eleita para seu segundo mandato,
tendo (infelizmente) vencido nas urnas, com apoio da maioria (apertada, mas a
maioria) da população. E não se diga que não se sabia de tudo o que estava acontecendo,
porque as operações na Petrobrás já estavam sendo investigadas antes das
eleições. E mais, a população não apenas referendou os quatro primeiros anos de
governo da presidente, mas também os doze anos de governo do PT, é bom que se
diga. Portanto, querer depor a presidente na marra, sem um conjunto probatório
parrudo, é no mínimo golpismo, coisa que, aliás, também não é de admirar, vindo
da cultura castrense do deputado Bolsonaro.
Em
suma, os ânimos estão acirrados, a perplexidade da população é legítima, da
qual eu mesmo compartilho inteiramente, mas é um risco enorme para a democracia
as pessoas se deixarem levar por essa pirotecnia oportunista de quem não tem,
nem nunca demonstrou ter nada a perder com o enfraquecimento dos institutos
democráticos.
Grande
abraço.
Douglas
Drumond
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